“O papel do professor é único e consiste em organizar situações
de aprendizagem para desafiar o aluno a elaborar um novo conhecimento” (Délia Lerner)
“O ASPECTO SÓCIO-AFETIVO NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
NA VISÃO DE PIAGET, VYGOTSKY E WALLON”
por Rose Keila Melo de Souza e Keila Soares da Costa
“O ASPECTO SÓCIO-AFETIVO NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
NA VISÃO DE PIAGET, VYGOTSKY E WALLON”
por Rose Keila Melo de Souza e Keila Soares da Costa
O artigo defende a utilização de conteúdo sócio afetivo no processo educativo, conforme estudos teóricos clássicos de Jean Piaget, Lev Vygostsky e Henry Wallon, contrariando a postura educacional vigente na maioria de nossas escolas, que adotam a prática do ensino intelectualista e pragmático, privando os alunos de uma formação integral, significativa e com função social. É possível, viável e recomendável considerar que nossos alunos são seres humanos sociais, afetivos e que devem ser motivados a aprender na escola, por meio do desenvolvimento e incentivo da afetividade.
1.1- CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA VERSUS MODELOS PEDAGÓGICOS
A supervalorização da razão é um princípio de Montaigne (1533 – 1592), que desenvolve a gênese para a racionalização do processo educativo, considerando que a criança não passa de um adulto em miniatura. Contrariando Rousseau (1712 – 1778), que ao invés da função disciplinar e instrutiva, atribui à escola a preservação da subjetividade infantil, dando preferência ao relacionamento. Num mundo predominantemente capitalista, a escola atual, organizada por séries cronológicas, vem da valorização da capacidade intelectual acima da autonomia afetiva.
Partindo-se do princípio de que a criança quando chega à escola, traz toda uma bagagem de experiências construídas no ambiente histórico-social em que vive, fundamento minha proposta pedagógica nos teóricos como Vigotsky e Piaget. A partir da visão destes teóricos, é preciso priorizar um ambiente onde todas as crianças tenham a possibilidade de se desenvolver e aprender, cujos acessos aos conhecimentos acumulados sejam enriquecidos através de novos conhecimentos, valorizando-se a cultura, a arte e o lúdico.
É bom ressaltar a importância da criança como ser histórico-social, que deve ser valorizado para que se possa construir uma educação comprometida, que busque a formação de cidadãos autênticos, as funções mentais superiores como a capacidade para solucionar problemas, o armazenamento e uso adequado da memória, a formação de novos conceitos e a vontade, aparecem inicialmente no plano social e após surgem no plano psicológico no próprio indivíduo. A construção do real pela criança parte do social da interação com os outros e aos poucos internalizada por ela. A autonomia é outro princípio que defendo nesta resenha, pois é construída a partir de situações que levem os sujeitos a decidir e responsabilizar-se. Autonomia não significa apenas tarefas desenvolvidas com independência, mais importante é a autonomia moral, aquela que cuja iniciativa para a ação com crescente responsabilidade, para isso a escola precisa encorajar o pensamento espontâneo através do pensamento crítico a autônomo.
1.2 – AS RELAÇÕES SOCIAIS E A AFETIVIDADE NA TEORIA PIAGETIANA.
Segundo Piaget, para determinar com alguma precisão as condições constitutivas dos conhecimentos, particularmente as partes respectivas do sujeito e do objeto na relação cognitiva, é indispensável conhecer previamente o processo da sua formação (dimensão diacrônica ou histórica), o que conduz ao caráter necessariamente genético do conhecimento. Esse fato, leva o autor atribuir importância aos métodos histórico-críticos e genéticos em epistemologia, na medida em a que estes permitem explicar a passagem dos estados de menor conhecimento aos estados de conhecimento mais complexos e mais acabados. O que Piaget se propõe é, então, retornar às fontes genéticas do conhecimento, do qual a epistemologia tradicional conhecia apenas os estados superiores, isto é, certos resultados acabados de um complexo processo de formação. Tal projeto situa-se em dois planos distintos e complementares: de um lado, a pesquisa da história do pensamento científico, de outro, o estudo experimental do desenvolvimento da inteligência e dos processos do conhecimento individual, desde o nascimento até a adolescência. Nas diferentes pesquisas sobre o número, as noções causais e espaço-temporais encontra-se a mesma preocupação: traçar um paralelo entre esses dois planos, o plano psicogenético e o plano histórico. Assim, a epistemologia criada por Piaget não é uma disciplina filosófica, como a epistemologia tradicional. Constitui-se uma área de conhecimento interdisciplinar que se afasta do método especulativo, pois estuda a gênese das estruturas e das noções científicas, tais como de fato se constituíram em cada uma das ciências e procura desvendar, através da experimentação, os processos fundamentais de formação do conhecimento na criança.
Considero muito importante apontar nesta resenha, a contribuição da obra de Piaget para o estudo original da socialização, do simbolismo e da afetividade humana. Na concepção dele, a socialização significa a possibilidade do indivíduo trocar e compartilhar, efetivamente, significados e de submeter-se racionalmente às regras morais, acho muito relevante que Piaget propõe um novo entendimento do simbolismo lúdico e da vida afetiva. O simbolismo lúdico seria a expressão de assimilações deformantes por parte do sujeito centrado nos interesses e desejos do ego. Existe consciência na medida em que o sujeito diferencia os significantes simbólicos e os significados subjacentes; inconsciência na medida em que não distingue os elementos do processo da significação simbólica, por vezes, ocorre indiferenciação justamente porque sujeito se confunde com o objeto a ser assimilado, como acontece no sonho e no devaneio. Assim, quanto mais os significados escapam à compreensão do sujeito maior inconsciência haverá.
A vida afetiva é a dimensão que estaria apresentando maior dificuldade para a tomada de consciência por parte do sujeito. Segundo a interpretação de Piaget, a dificuldade obedeceria ao fato de que os esquemas afetivos escapam de imediato à consciência do indivíduo por causa de sua significação genética para o eu do sujeito. Entretanto, cumpre destacar que, para esse autor, os esquemas afetivos são análogos aos esquemas cognitivos, com a diferença de que os primeiros teriam caráter irreversível. A linguagem é outro fator que intervém no processo de desenvolvimento intelectual da criança desde o nascimento, portanto deve se proporcionar um ambiente rico em estimulação adequadas e de trocas entre crianças e adultos que interagem com ela. Em minha prática pedagógica, dou muita importância à ação educativa nos objetivos cognitivo e sócio-afetivo, interativo, produtor de conhecimentos a partir de situações vivenciadas dentro e fora da escola. É preciso levar em consideração a construção de Piaget, no que se refere à formação moral das crianças, Piaget coloca a sansão por reciprocidade, como uma maneira de se reduzir ao máximo o poder do adulto para que se consiga a cooperação junto às crianças através das relações afetivas. O que se busca é que as relações entre as crianças e adultos ocorram de maneira segura e sincera, onde o desenvolvimento da autonomia aconteça através da afetiva participação nas atividades, do levantamento de idéias, questionamentos, aprender a respeitar a opinião dos colegas e se colocar no lugar do outro. As áreas de ação que o educador se baseia para levar em frente o seu trabalho pedagógico, devem ser, a área de desenvolvimento sócio-afetivo, a construção de auto-imagem positiva, a aceitação e convívio com as diferenças étnicas, a classe social e gênero, o brincar com destaque para o brincar de faz-de-conta, materiais de construção e jogos com regras e movimentos e ambiente rico em descobertas e desafios.
1.3- AFETIVIDADE NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DE CONCEITOS SEGUNDO
VYGOTSKY
Chegamos a um ponto desta resenha, que muito me interessa! Lev Semenovih Vygotsky, é meu teórico preferido por sua teoria praticável e comprovadamente eficaz. Para Vygotsky, o funcionamento psicológico fundamenta-se nas relações sociais entre o indivíduoe o mundo exterior, que desenvolvem-se num processo histórico. O sócio–histórico, não representa o coletivo, na acepção de impor sobre o indivíduo, e sim, como processo em que todo o mundo cultural expõe-se ao sujeito como o outro. O outro com quem ele se compara é referência externa que permite ao homem compor-se como ser humano. Este processo de interiorização do material cultural define os limites e possibilidades da construção pessoal, permite a constituição do ser autenticamente humano: na ausência do outro, o homem não se constrói. Ainda segundo Vygotsky, o ser humano constitui-se como tal na sua relação com o outro social, é membro de uma espécie biológica que só se desenvolve no interior de um grupo cultural sua noção de cérebro pressupõe um sistema aberto, de grande plasticidade. Sua estrutura e seu modo de funcionamento são construídos ao longo da história da espécie e do desenvolvimento individual e nesse processo, a linguagem ocupa um espaço importante em que a cultura fornece ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação da realidade.
A teoria de Vygotsky se baseia na lei da dupla formação, que consiste em dizer que toda função psicológica humana apareceu duas vezes, uma vez em nível social interpsicológico, e outra vez em nível individual intrapsicológico. Nesse processo de passagem da função psicológica de interpessoal para intrapessoal se dá o processo de internalização. Na interação entre aprendizado e desenvolvimento encontramos a Zona de Desenvolvimento Proximal que é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. A Zona de Desenvolvimento Proximal define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão, mas que estão presentementeem estado embrionário. Essas funções poderiam ser chamadas do 'brotos' ou 'flores' do desenvolvimento. O Nível de Desenvolvimento Real é o responsável pelas funções mentais da criança que se instituíram como conseqüência de certos ciclos de desenvolvimento já completados.É na Zona de Desenvolvimento Proximal que a intervenção de outros indivíduos é intensa e transformante. Se o aprendizado estimula o desenvolvimento, então cabe à escola e nós professoras, educadoras, estudantes de Pedagogia, um papel indispensável na arte de construir o ser psicológico amadurecido, adulto.
1.3- WALLON: A TEORIA DA EMOÇÃO
Wallon atribui à emoção - que como os sentimentos e desejos, são manifestações da vida afetiva - um papel fundamental no processo de desenvolvimento humano. Quando nasce uma criança, todo contato estabelecido com as pessoas que cuidam dela, são feitos via emoção. Entende-se por emoção formas corporais de expressar o estado de espírito da pessoa, manifestações físicas, alterações orgânicas, como frio na barriga, secura na boca, choro, etc. Wallon destaca o caráter social da criança neste sentido, pois que se não houvesse a atenção do adulto nessa fase inicial de sua vida, a criança morreria. O recém-nascido não tem ainda outras formas de se comunicar com o outro, que não a emoção, esta sim, forma eficiente de comunicação; e que funciona em mão dupla. Nossa comunicação com o bebê também é emocional, corporal. É comum se dizer que não é fácil enganar uma criança. Isto porque ela "lê" no corpo, mais que nas palavras. Podemos dizer coisas bonitas a uma pessoa, mas nosso corpo pode estar mandando uma mensagem de repulsa. É esta mensagem que a criança percebe, pois ainda não desenvolveu, a contento, a comunicação verbal, racional, que nós, adultos, usamos primordialmente, quase nos esquecendo destas outras formas de comunicação. Wallon propõe o estudo integrado do desenvolvimento, ou seja, que este abarque os vários funcionais nos quais se distribui a atividade infantil (afetividade, motricidade, inteligência ). Pode-se resumir o projeto teórico de Wallon como a elaboração de uma psicogênese da pessoa completa, segundo Wallon, para a compreensão do desenvolvimento infantil, não bastam os dados fornecidos pela psicologia genética, é preciso recorrer a dados provenientes de outros campos de conhecimento.
Wallon ressalta que é necessário recorrer a outros campos do conhecimento, como a neurologia, a psicopatologia, a antropologia e a psicologia infantil para compreender o desenvolvimento infantil à luz da psicogenética, estudar a criança contextualizada nas relações com o meio, avaliando a dinâmica de determinações recíprocas. Para Wallon o meio é um complemento indispensável ao ser vivo, que supre suas necessidades e as suas aptidões sensório-motoras e, depois, psicomotoras. É um processo dinâmico de mutação constante pela presença de novos meios, novas necessidades e novos recursos que aumentam possibilidades de evolução do indivíduo, que interage com novos desafios e aprendizados. Wallon identifica como domínios funcionais as etapas percorridas pela criança: Afetividade, Ato motor, Conhecimento (ou Cognição) e da Pessoa. O conjunto afetivo são funções responsáveis pelas emoções, sentimentos e paixão. O conjunto ato motor refere-se à possibilidade de deslocamento do corpo no tempo e no espaço, as reações posturais e equilíbrio corporal. O conjunto cognitivo são funções voltadas para a conquista e manutenção do conhecimento, por meio de imagens, noções, idéias e representações. É o que permite registrar e rever o passado, avaliar e situar o presente e projetar o futuro. O conjunto pessoa representa a integração de todas funções e possibilidades.
Para Wallon as emoções tem um poder de contágio nas interações sociais, evidenciando o seu caráter coletivo, facilmente identificado nos jogos, danças, rituais, onde há simetria de gestos e atitudes, movimentos rítmicos, comunhão de sensibilidade, uma sintonia afetiva que mergulha todos na mesma emoção. A afetividade origina-se das sensibilidades internas de interocepção (ligada às vísceras) e de propriocepção (ligadas aos músculos) responsáveis pela atividade motora. Essas sensibilidades são reativas às influências externas, chamadas de exterocepção, e que se transformam em sinalizações afetivas caracterizadas como medo, alegria, tranqüilidade, raiva, ira, fúria... Para Wallon os espasmos do recém-nascido não são apenas um ato muscular, de contração dos aparelhos musculares e viscerais: existe bem-estar ou mal-estar tanto no espasmo como na sua dissolução. Tensão é provocada pela energia retida e acumulada: riso, choro, soluço aliviam a tensão dos músculos. Wallon identifica, então o processo de alternância na predominância dos conjuntos, em cada estágio de desenvolvimento, por ele classificado em impulsivo-emocional (0 a 1 ano), sensório-motor e projetivo (1 a 3 anos), personalismo (3 a 6 anos), categorial (6 a 11 anos), puberdade e adolescência (11 anos em diante). O conjunto afetivo é mais evidenciado nos estágios personalismo, puberdade e adolescência. Também identifica a alternância de direções, ou seja, no impulsivo-emocional, personalismo, puberdade e adolescência o movimento que predomina é o do afetivo para dentro, para o conhecimento de si. E no sensório-motor e projetivo e categorial predomina o cognitivo, para fora, conhecimento do mundo exterior.
2- MOTIVAÇÃO E APRENDIZAGEM
Definitivamente, a emoção está ligada tanto à facilidade que o aluno tem de aprender, quanto por sua falta. Toda atividade humana a ser aprendida depende da motivação. A aprendizagem cooperativa toma-se mais motivante que a aprendizagem individualista e competitiva. As tarefas criativas são mais motivadoras que as repetitivas, o reconhecimento do êxito de um aluno ou de um grupo de alunos, por parte do professor, de uma tarefa determinada, motiva mais que o reconhecimento do fracasso, e se aquele é público, melhor. O nível de estimulação dos alunos tem de ser adequado, se a estimulação é muito reduzida não se produzem mudanças, se é excessiva, costuma produzir ansiedade e frustração. O professor que dá autonomia no trabalho promove a motivação de sucesso e auto estima, aumentando assim a motivação intrínseca, já os professores centrados no controle diminuem a motivação.
Devem-se relacionar os temas a tratar com os interesses, necessidades e problemas próprios de cada idade ou fase da vida, sempre que seja possível. O progresso é mais rápido quando os alunos reconhecem que a tarefa coincide com os seus interesses imediatos. O professor deve mostrar interesse por cada aluno, pelos seus êxitos, pelas suas dificuldades, pelos seus planos, de modo que o aluno perceba. Cada vez mais, acredito que o professor deve ser antes de tudo, um apaixonado pelo ser humano, porque ensinar requer interesse, atenção e cuidado. Há que ter em conta as diferenças individuais na motivação. O papel do professor não consiste só em condicionar novos motivos desejáveis, mas também em explorar convenientemente os muitos que estão presentes em cada educando. Cada qual é motivado pelo que tem valor para si. Entre motivo e valor não existe diferença. A motivação é o efeito da descoberta do valor. Por isso se toma necessário conseguir que os alunos reconheçam o valor que tem cada matéria, tanto a nível pessoal como social. Tanto para a ação de aprender quanto de ensinar, é necessário motivo e compromisso do educador com o educando, compromisso do educando com o educador.
Concluo que, independentemente do local em que se situa a escola, os recursos, as estratégias motivacionais, dois fatores são determinantes para o sucesso do processo ensino-aprendizagem: a disponibilidade e o compromisso do professor. O professor motivado, que se realiza pessoalmente com a aprendizagem de seus alunos, consegue contagiar e motivar os educandos, conduzindo-os ao sucesso na sala de aula e na sociedade e igualmente à realização pessoal por aprender.
2ª Etapa:
Parte A: Relatório de aula
a) Tipo de Ensino:
- particular
b)Ano:
- 1º ano
c) N° de alunos presentes na aula:
- 14 alunos
c) Conteúdo trabalhado na aula:
Comunicação e Expressão:
- Brincadeira em roda- “ Corre-cutia”
- A sala de 14 alunos foi dividida em 2 grupos (meninos e meninas), 1 grupo em cada mesa. Os alunos circularam no texto da parlenda as palavras ilustradas: cutia, casa, tia, avó, moça, coração. Os meninos e meninas foram intercalados conforme a hipótese de escrita, sendo a mesa coletiva, uns alunos davam palpite na montagem de palavras das outras duplas. Quase saiu briga! Um aluno novo na escola, descobriu a sílaba e ficou empolgado! Queria mandar na montagem de todos os outros, corrigir. A mesa das meninas foi mais calma, elas pareciam mais seguras no que faziam.
- A professora distribuiu para as 2 mesas o alfabeto móvel com as palavras. Os alunos montaram as palavras e preencheram os quadrinhos destinados com a escrita do que foi montado, solucionando conflitos de quantidade e qualidade de letras.
Matemática:
- Em roda na quadra, cada aluno recebeu um número. Durante a brincadeira, cada criança que era escolhida pelo lenço, levantava e gritava seu número. Os demais alunos registravam a vez do amigo, desenhando o amigo e numerando-o.
- Os alunos contaram os dedos até chegar à quantidade de alunos da roda do “Corre-cutia”. Depois, carimbaram na folha, 15 dedos (3 mãos), cada dedo representado um aluno.
Natureza e Sociedade:
- Pesquisa: quem é a cutia? Muitas hipóteses foram levantadas... é uma pessoa, um lugar, um brinquedo... As crianças viram a foto de uma cutia e gostaram muito. Descobriram que a cutia é um mamífero roedor peludo, desenharam e ilustraram também o que a cutia come: frutos, sementes.
- Pesquisa: onde vive a cutia, onde vivemos nós? Os alunos acreditavam que a cutia vivia muito longe, mas descobriram que é um animal das Américas. Viram no globo terrestre onde vivemos e que a cutia é um animal local. A professora conversou com as crianças sobre a importância de respeitar os espaços: dos animais e dos seres humanos.
Arte:
- Desenharam o círculo da brincadeira “Corre-cutia”, os amigos dentro do círculo.
- Desenharam, pintaram e colaram papel no pelo da cutia (que é um animal marrom claro).
d)Métodos e recursos utilizados pelo educador:
A professora disponibilizou gravuras (fotos) com cutias de vários tamanhos e gravuras de outros tipor de roedores para comparação, atlas com mapas, globo terrestre, frutos e sementes.
Utilizou a quadra para as atividades de movimento em roda.
e) Postura do educador:
A professora estimulou o diálogo, ouviu os saberes que os alunos tinham sobre o tema. Discutiu, perguntou, questionou, motivou as crianças e falarem e valorizou cada informação que elas traziam. Conforme progrediam no diálogo, a professora acrescentava as informações que queria que seus alunos assimilassem. A professora foi a mediadora do conhecimento.
f) Postura geral dos alunos:
Os alunos estavam motivados! Todos participaram tanto da brincadeira do Corre-cutia, quanto das atividades na sala de aula. O tema tornou-se do interesse dos alunos apartir do momento em que envolveu a brincadeira, o lúdico. Foi interessante ver a alegria das crianças por descobrir quem era o personagem da brincadeira tão conhecida deles, mas que agora estava com um significado muito maior.
g)Aparentes facilidades e dificuldades dos alunos para compreender o conteúdo:
A facilidade foi a abordagem lúdica e afetiva do tema. A aprendizagem aconteceu naturalmente, sem nenhuma dificuldade ou resistência por parte dos alunos. Todos tiveram participação na construção do saber e isto tornou a aula leve e prazerosa.
h) Observar quais aspectos a aula contemplou (intelectual-informativo, e/ou, sócio-afetivo).
Cabe ao professor dar tratamento igual a todos os alunos, aproveitar as vivências que o aluno já tem e traz para a escola no momento de montar a aula (Corre-cutia é uma brincadeira que estes alunos já fazem no recreio e na Educação Física), incluir temas que tenham relação, isto é, estejam ligados à realidade do aluno, a sua história de vida, respeitando a sua vida social, familiar. Também achei importante mostrar-se disponível para o aluno, ser paciente, compreensivo com o aluno. Lançar uma questão e deixar que os alunos discutam, opinem, eleva a auto-estima do aluno, respeitando-o e valorizando-o.
O bom resultado da aula também se deve ao fato de a professora utilizar métodos e estratégias variadas e propostas de atividades desafiadoras, mostrar-se aberto e afetivo para e com o aluno.
i) Peculiaridades e observações gerais feitas sobre a aula assistida (o que mais chamou a atenção durante a aula):
O educador pode fazer de cada aula um momento de real reflexão, seja qual for o tema, abordar questões como Ecologia e Cidadania. Ao planejar e executar a aula o professor precisa ter expectativas positivas acerca do aluno, mostrar para o aluno que ele pode fazer diferença na sociedade (mesmo partidno de uma brincadeira que acaba por abordadr um tema sério como Ecologia) que ele tem o seu lugar e o seu valor no mundo, perceber que ele, o professor, pode fazer a diferença para o aluno.
O professor deve ensinar o aluno a ser ético e crítico, mostrando a ele que a crítica é boa , desde que feita de maneira adequada e que a ética é fundamental em qualquer relacionamento humano, em qualquer ambiente, familiar, social, sscolar, entre outros. Apartir do Corre-cutia, as crianças levantaram hipóteses sobre construções irregulares, derrubada de árvores...
Parte B: Conclusão
O que se pode compreender teoricamente no artigo científico resenhado:
Piaget considera que o desenvolvimento psicológico é rígido e linear, ou seja, a criança desenvolve-se por meio de estágios sucessivos, ordenados e previsíves e um estágio substitui o outro. Wallon, pelo contrário, não concorda que o desenvolvimento psicológico seja rígido, orientados segundo uma lógica linear, para ele, os estágios são descontínuos e assistemáticos, ressalta a descontinuidade ao afirmar que o desenvolvimento do pensamento infantil é marcado por conflitos, crises, regressões, o indivíduo pode retornar a atividades anteriores ao estágio, pois para Wallon um estágio não supera o anterior, sendo os estágios são integrados uns aos outros.
Podem ainda ser apontadas diferenças entre as teorias de Wallon e Vygotsky. Para Vygotsky é nas “trocas” sociais/ na relação com o outro e com a cultura que o indivíduo se desenvolve plenamente, inclusive, biologicamente. Já para Wallon o biológico está no mesmo nível do social e não é decorrente do desenvolvimento do aspecto social, o desenvolvimento biológico e social ocorrem ao mesmo tempo - Wallon considera que o psiquismo resulta de um processo em que o fatores orgânicos (biológicos) e sociais (culturais) são dois constituintes complementares. O simples amadurecimento do sistema nervoso não garante o desenvolvimento das habilidades intelectuais, para que se desenvolvam é preciso interagir com a cultura.
Wallon discorda de Piaget no que diz respeito à participação do outro no desenvolvimento. Segundo Piaget, a participação do outro se dá muito tardiamente - Piaget dá ênfase ao biológico, para ele, o desenvolvimento ocorre principalmente por meio do amadurecimento do organismo, trazendo um reducionismo significativo dos fatores sociais (cultura e o outro). Já Wallon considera muito importante a interação com o outro, não apresenta qualquer reducionismo social, afirmando que a cultura interfere na estrutura orgânica para dar-lhe sentido, para dar-se um significado social. Wallon centra-se no estudo do desenvolvimento da gênese da pessoa; Piaget centra-se no estudo do desenvolvimento da gênese da inteligência. Vygotsky chama de função mental os processos de pensamento, percepção, memória e atenção, sendo a emoção originada pelo pensamento. Para Wallon a emoção viabiliza os processos internos para a exteriorização da afetividade.
Qualquer coisa que se faça na vida, é necessário primeiro a vontade de realizá-la, senão nada acontece, Isso também ocorre na educação. Educação requer ação e como resultado dessa ação, há o aprendizado, mas para que se realize a ação e esta resulte no aprendizado é necessário, inicialmente, que haja a vontade de aprender e de ensinar. O professor deve descobrir estratégias, recursos para fazer com que o aluno queira aprender, fornecer estímulos para que o aluno se sinta motivado a aprender, saber ouvir o aluno, dar carinho e limites na medida certa e no momento adequado, manter sempre um bom relacionamento com o aluno, e consequentemente, um clima de harmonia e acima de tudo... amar muito o que faz, a sua profissão de professor- não ganhamos bem, não somos profissionais valorizados, mas o amor pelo ensino e pela transformação que a educação produz no ser humano e na sociedade é o bem maior e impagável ao qual o educador precisa se apegar para ter êxito em sua missão!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.