A alfabetização é um processo de construção de hipóteses sobre o funcionamento e as regras de geração do sistema alfabético de escrita; por isso, a estratégia necessária para o aluno se alfabetizar não é a memorização, mas a reflexão sobre a escrita. Isto quer dizer que o sistema alfabético de escrita é um conteúdo complexo, e para compreendê-lo não basta memorizar infinitas famílias silábicas, é preciso um processo sistemático de reflexão sobre suas características e sobre o seu funcionamento. Os alunos se alfabetizam à medida que são convidados a escrever e a ler, mesmo quando ainda não o fazem convencionalmente. O progresso no conhecimento é obtido através de resolução de situações-problema, da superação de desafios. Diante de um conteúdo não completamente assimilável, o sujeito é levado a uma modificação de seus esquemas interpretativos, pois aqueles de que dispõe no momento não são suficientes para resolver algo que se apresenta como um desafio. Aprendemos à medida que enfrentamos problemas e modificamos nossos esquemas interpretativos por meio de esforços intelectuais. Aprendemos à medida que os desafios colocados obrigam a pensar, a reorganizar o conhecimento que temos, a buscar mais informação, a refletir para buscar respostas. Reconhecer a capacidade intelectual dos alunos e a necessidade de arranjar situações-problema adequadas para pensarem, são pontos determinantes. Nesse contexto, o desafio maior para o alfabetizador é saber o que seus alunos pensam e sabem para poder ajustar as propostas, as atividades, ou seja, lançar problemas!
A diversidade é inevitável na sala de aula: teremos sempre alunos com níveis de compreensão e conhecimento diferentes e, por isso, o alfabetizador precisa conhecer, analisar e acompanhar o que eles produzem, para planejar as atividades e os agrupamentos, considerando os ritmos e possibilidades. O que hoje sabemos é que os textos são os melhores aliados – não só porque garantem a não descaracterização do que é conteúdo da alfabetização, mas porque determinados tipos de textos favorecem a reflexão sobre as características da escrita alfabética. Quando os alunos ainda não lêem e não escrevem convencionalmente, alguns textos são bastantes adequados para as situações de leitura e escrita: listas, canções, poesia, receitas, parlendas, provérbios, adivinhações, piadas, trava-língua, regras de instrução. Geralmente são textos curtos, em que os alunos têm possibilidades de antecipar o escrito (receitas conhecidas, regras de instruções, listas...), ou que sabem de cor (poesias, canções, provérbios, parlendas...). No caso dos textos poéticos, a organização em versos, a presença de rimas e os ritmos que animam cada um deles colaboram para que os alunos, embora não saibam ler no sentido convencional, possam ler esses textos. A organização da tarefa garante a máxima circulação de informação possível entre os alunos. Esse princípio traz a importância de o alfabetizador conhecer o que os alunos sabem para planejar bons agrupamentos, parcerias que potencializem a aprendizagem.
As interações, os agrupamentos, devem ser pensados tanto do ponto de vista do
que se pode aprender durante a atividade como do ponto de vista das questões que cada aluno pode levar para pensar. Um outro fator importante a considerar, além do conhecimento que os alunos possuem, são suas características pessoais: seus traços de personalidade, por um lado, e a disposição de realizar atividades em parceria com um determinado colega, por outro. Às vezes, a tomar pelo nível de conhecimento, a dupla poderia ser perfeita, mas o estilo pessoal de cada um dos alunos indica que é melhor não juntá-los, pois o trabalho tenderia a ser improdutivo.
Além de contribuir com a aprendizagem dos alunos planejando atividades adequadas e formando agrupamentos produtivos, o alfabetizador também tem um papel fundamental durante a atividade, quando circula pela classe e vai colocando perguntas que ajudam a pensar, pedindo que um ou outro leia apresentando alguma informação útil. As atividades planejadas de forma que o desafio esteja ajustado às necessidades de aprendizagem dos alunos, os agrupamentos planejados criteriosamente, as intervenções realizadas durante a realização da tarefa proposta configuram uma boa situação didática, na qual o ensino organiza e implementa uma situação de aprendizagem de fato.
Esta metodologia enfatiza a utilização de trabalho em pequenos grupos, adequando a concessão de objetivos a uma organização de trabalho que propicie a:
- Troca de experiência;
- Formação do espírito crítico ao analisar situações-problema;
- Participação ativa no desenvolvimento das atividades propostas;
- Desenvolvimento da criatividade.
É preciso então, que o alfabetizador assuma a condição de autor da própria prática pedagógica: aquele que diante de cada situação precisa refletir, buscar suas próprias soluções, construir novas estratégias, tomar decisão, enfim, ter autonomia intelectual. Trilhar esse caminho exige estudo, reflexão sobre sua ação, auto-avaliação, trabalho em parceria, intencionalidade e, principalmente, disponibilidade para aprender e experimentar.
- Desenvolvimento da criatividade.
É preciso então, que o alfabetizador assuma a condição de autor da própria prática pedagógica: aquele que diante de cada situação precisa refletir, buscar suas próprias soluções, construir novas estratégias, tomar decisão, enfim, ter autonomia intelectual. Trilhar esse caminho exige estudo, reflexão sobre sua ação, auto-avaliação, trabalho em parceria, intencionalidade e, principalmente, disponibilidade para aprender e experimentar.
Aprender sempre!
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