Na pré alfabetização, do ato de ensinar, o processo desloca-se para o ato de aprender por meio da construção de um conhecimento que é realizado pelo educando, que passa a ser visto como um ser ativvo, intermediado pelo educador. Os conceitos de prontidão, maturidade, habilidades motoras e perceptuais, são trabalhados pelo professor para estimular aspectos motores, cognitivos e afetivos, vinculados ao contexto da realidade sócio-cultural dos alunos. A perspectiva construtivista considera a interação de todos eles, numa visão política, integral, para explicar a aprendizagem. Os diferentes níveis em que normalmente os alunos se encontram, vão se desenvolvendo durante o processo de alfabetização e assumem importante papel, já que a interação entre eles é fator de suma importância para o desenvolvimento do processo. Os níveis estruturais da linguagem escrita podem explicam as diferenças individuais e os diferentes ritmos dos alunos. Os níveis são:
1) Nível Pré-Silábico- não se busca correspondência com o som; as hipóteses das crianças são estabelecidas em torno do tipo e da quantidade de grafismo. A criança tenta nesse nível:
ü diferenciar entre desenho e escrita;
ü utilizar no mínimo duas ou três letras para poder escrever palavras;
ü reproduzir os traços da escrita, de acordo com seu contato com as formas gráficas (imprensa ou cursiva), escolhendo a que lhe é mais familiar para usar nas suas hipóteses de escrita;
ü percebe que é preciso variar os caracteres para obter palavras diferentes.
2) Nível Silábico- pode ser dividido entre Silábico e Silábico Alfabético:
ü Silábico- a criança compreende que as diferenças na representação escrita está relacionada com o "som" das palavras, o que a leva a sentir a necessidade de usar uma forma de grafia para cada som. Utiliza os símbolos gráficos de forma aleatória, usando apenas consoantes, ora apenas vogais, ora letras inventadas e repetindo-as de acordo com o número de sílabas das palavras.
ü Silábico Alfabético- convivem as formas de fazer corresponder os sons às formas silábica e alfabética e a criança pode escolher as letras ou de forma ortográfica(sem valor sonoro) ou fonética (com valor sonoro).
3)Nível Alfabético- a criança agora entende que:
ü a sílaba não pode ser considerada uma unidade e que pode ser separada em unidades menores;
ü a identificação do som não é garantia da identificação da letra, o que pode gerar as famosas dificuldades ortográficas;
ü a escrita supõe a necessidade da análise fonética das palavras.
Podemos entender o processo de aquisição da escrita pelas crianças sob diferentes pontos de vista: o ponto de vista mais comum onde a escrita é imutável e deve se seguir o modelo "correto" do adulto; o ponto de vista que contribui para o aprendizado, onde escrita é um objeto de conhecimento, levando em conta as tentativas individuais infantis; e o ponto de vista da interação, o aspecto social da escrita, onde a alfabetização é um processo discursivo. Para a alfabetização ter sentido, ser um processo interativo, a escola tem que trabalhar com o contexto da criança, com histórias e com intervenções das próprias crianças que podem aglutinar, contrair, "engolir" palavras, desde que essas palavras ou histórias façam algum sentido para elas. Os "erros" das crianças podem ser trabalhados, esses "erros" demonstram uma construção, e com o tempo vão diminuindo, pois as crianças começam a se preocupar com outras coisas (como ortografia) que não se preocupavam antes, pois estavam apenas descobrindo a escrita.
Cabe ao professor organizar atividades que favoreçam a reflexão da criança sobre a escrita, porque é pensando que ela aprende. Cabe à família, valorizar e incentivar toda a criação dos alunos e proporcionar oportunidades de pensar, refletir e descobrir.
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